quarta-feira, 27 de julho de 2011

Croácia e Eslovénia, Parte 1


Ora, consta que O Iluminado andou a vadiar uns dias por terras Croatas e Eslovenas (Ai, as Croatas...). Posto isto, mais vale partilhar com os comuns mortais meia-dúzia de histórias de encantar, ao jeito das Mil e Uma Noites... embora tenham sido apenas sete.
Para quem não está a ver onde se situam a Croácia e a Eslovénia (a seguir à Praça do Comércio, virar à esquerda e ir sempre em frente), referir que faziam parte da antiga Jugoslávia deve ajudar pouco. Confesso que da minha infância os meus conhecimentos a respeito da “Jugoslávia” se resumiam a uma canção dos UHF (Jugoslávia bonita, filha da Europa, fronteiras malditas que o ódio devora, Saraieeeeeeevo, ó-oh-oooooh). Mais tarde iluminei-me um pouco quando houve uma guerra por aquelas bandas, e nós enviámos soldados Portugueses para integrar uma missão de paz no Kosovo. Não querendo tornar este texto numa lição de História (embora em nada me importasse de o fazer, dado que se trata de uma das coisas que mais me fascina), creio que é importante perceber um pouco do contexto de um país que visitamos enquanto turistas. Há seis países (Croácia, Eslovénia, Bósnia, Sérvia, Montenegro e Macedónia) que se situam  geograficamente encostados e onde há vários séculos impera um ódio étnico de dimensões consideráveis (quase comparável ao ódio étnico que O Iluminado tem em relação a um certo “país vizinho”...). A seguir à Segunda Guerra Mundial foi instaurada uma ditadura que visava diluir esse ódio, e formar um grande país unificado sob a égide do comunismo, ao qual foi dado o nome Jugoslávia (“a terra dos eslavos do sul”). Durante alguns anos o sistema aguentou-se, mas quando o ditador Marechal Tito morreu, tudo colapsou. O ódio renasceu, o sistema estava corrupto, e alguns países começaram a proclamar a independência (nomeadamente a Croácia). Não tardou muito para que estoirasse uma guerra brutal em toda a região, que somente foi interrompida pelo facto de as tropas da ONU e da NATO se encontrarem desde finais dos anos 90 a manter a paz.
Falemos de coisas mais interessantes: Dubrovnik. Esta é a cidade mais conhecida da Croácia, embora não seja a capital. Situa-se mesmo na pontinha do sul, no mar adriático, na Costa Dálmata (sim, essa mesmo, dos cães às pintinhas). Dubrovnik tem uma História antiga, e rica, da qual não vou falar aqui, e é famosa pela sua cidade antiga muralhada, que se abre num porto. É uma cidadezinha bonita, com os edifícios todos da mesma cor, em pedra branca, com as janelas com portadas verde-escuro. Há mesmo legislação nesse sentido. A cidade tem um encanto particular de noite. Cheguei pelas 22h00 e TODO o comércio estava aberto. As ruas estreitas estão cheias de bares animados, cheias de iluminação e... miúdas Croatas. Eu tenho obviamente que falar das Croatas, pois estes seres divinos merecem que O Iluminado pare no meio da rua a babar-se! Bonitas, muito simples, e com a maquilhagem ideal. Nada de mulheres super-produzidas, com ar importante e com tanta maquilhagem como o Marilyn Manson. Fiquei fã das Croatas. Da próxima vez que lá for trago umas 3 ou 4 na bagagem do porão. Mas estava eu a falar de Dubrovnik... as águas que banham quer a cidade quer as mil e duzentas ilhas que existem na Costa Dalmata são de um azul-turquesa cristalino, impossível de imaginar. Aquilo não se faz com Photoshop... Falando das águas, das ilhas, e da paisagem, geralmente não fica na memória o hotel em que se permaneceu. Mas tive a sorte de ficar no Hotel Valamar que se situa numa encosta que desce até ao mar sereno. Ao contrário dos outros hotéis, em que “subimos num elevador interior”, neste “descemos num elevador exterior” (panorâmico). E o que dizer quando se acorda às sete da manhã e a vista do quarto do hotel é esta:

Só para fazer mais inveja aos comuns mortais, quando cheguei ao hotel estava um quarteto de cordas a tocar. Ou, dizendo isto mais correctamente, “estavam quatro giraças Croatas a tocar instrumentos de cordas”.
Sobre Dubrovnik, resta dizer que tem um mosteiro franciscano que alberga uma das farmácias mais antigas do mundo ainda em funcionamento (data de 1317), que revela uma fascinante História de saúde-pública e antigas políticas de prestação de cuidados de saúde e higiene à população (em contraste com certas “pessoas” que ainda saem da casa-de-banho sem lavar as mãos depois de mijar).
Seguiram-se Split, Sibenik e Zadar, três cidades igualmente com longa História, muito ligada à religião católica. Split tem um interessantíssimo labirinto de ruas no seu centro, onde existiu o palácio do Imperador Diocleciano (Séc. III), que ao longo dos tempos foi “remodelado” pelos habitantes, e incorporando uma mescla de estilos, edifícios, influências e tudo o mais.
Zadar tem um centro histórico situado numa península, mas é curiosamente pelas suas novidades que a cidade tem interesse. Em anos recentes foi construído um Orgão Marinho, junto à água, que consiste numa série de tubos por onde a água entra, e o seu movimento oscilatório produz uma sequência de sons “mais ou menos musicais”. A outra atracção é o Monumento de Saudação ao Sol, que é um círculo de painéis fotovoltaicos no chão, que durante o dia absorvem a energia, e à noite iluminam-se numa dança de cores. Muito giro.
Depois de uma série de cidadezinhas costeiras muito agradáveis, semelhantes a Cascais, a escala subiu! Plitvice é o nome da região que alberga o principal parque natural da Croácia. É um parque gigantesco, cheio de lagos e cascatas, com as tais águas-azuis-não-Photoshop. Três horas de caminhada entre cascatas, árvores, libélulas azuladas, com passeio de barco incluído... E o passeio de barco até teve direito a animação imprevista: a dada altura desata tudo a falar alto e a apontar para a água... uma cobra amarela banhava-se descaradamente nas águas.
Esta  parece ser uma boa forma de encerrar a primeira parte da viagem. A seguir: Eslovénia.
 Dubrovnik

 Plitvice

 Zadar (Monumento ao Sol)

 O iate privado d'O Iluminado, à Sua espera em Trogir