quarta-feira, 10 de julho de 2013

“O Relógio”


Não, não se trata do título de um filme. Nem, tampouco do último livro que li. No entanto, “é baseado numa história verídica”, e portanto tem fortes probabilidades de vir a ser adaptado ao cinema.
Passou-se comigo esta semana. Recebo um e-mail da gestora de conta do meu banco. “Olá, Excelentíssimo Senhor Psy! Como está! Saudações radiantes e jubilosas! (…) blablabla (…) Venho contactá-lo pois estamos com uma promoção fabulosa! Pode adquirir um relógio da marca [CENSURADO POR THE PSY], que é uma edição limitada, altamente exclusiva, do qual só existe uma dúzia de exemplares, e é chiquérrimo, esbelto, cheio de estatuto, e atrai miúdas morenas de olhos verdes, e até faz pizzas e pipocas, e mais uma data de coisas que não pode perder!”
Ora, se a história parasse por aqui, já eu a acharia de mau gosto. Por que carga de água vem uma gestora de conta tentar impingir-me um relógio XPTO que deve custar tanto ou mais do que eu ganho por ano, ainda mais através do meu mail pessoal? Mas a saga continua…
“O Senhor Psy pode adquirir esta peça fabulástica, indispensável ao dia-a-dia, e que até deixaria o Jaime Bond corado de inveja, recorrendo caso pretenda à aquisição de um cartão de crédito do banco [CENSURADO POR THE PSY], não pagando quaisquer juros para o efeito! Diga lá se não é o máximo?”
Portanto, existe um banco, no qual eu deposito as minhas poupanças, que acha decente aliciar um cliente com um relógio de luxo. Notem que censurei propositadamente a marca do relógio e o nome do banco porque não estou interessado em fazer publicidade a canastrões desta laia. E, como se tal não bastasse, pelo caminho ainda tenta impingir um cartão de crédito, o qual estou certo que deve ter apenas umas “pequeníssimas e insignificantes comissões”. Confesso que esta porra me revolta, pois dou comigo a pensar quantas pessoas não terão sido vítimas da má-fé desta gente sem vergonha ao longo dos últimos anos. Quantos cidadãos comuns não foram enganados conscientemente por entidades bancárias, levados a adquirir bens e serviços, e a subscrever uma data de tretas que os levou a endividarem-se, e a contrair créditos para beneficiarem deste tipo de lixo. Isto é vergonhoso. Eu sou um tipo muito bem informado, com capacidade de tomada de decisão e avaliação escrutinada de tudo o que diga respeito a este tipo de situações, mas quantas pessoas ficam na situação incómoda de não conseguirem dizer “não”? Quantas pessoas caem neste conto do vigário? Muitas pessoas não têm a formação necessária para saber sequer o que é uma conta à ordem, quanto mais saberem tomar decisões quanto a produtos bancários e outras porcarias. Este género de publicidade ultra-agressiva devia ser criminalizada. Foi graças a este “mundo de facilidades e oportunidades únicas” que muitos incautos Portugueses se viram numa situação de desespero, com perdas financeiras gigantescas, fruto de má-fé pura por parte de quem tinha a obrigação moral de os ajudar a gerir as finanças, quando para mais existe uma iliteracia financeira colossal na sociedade actual.
Ainda há anos, e só para “colocar a cereja em cima do bolo”, recebo um telefonema no meu telemóvel, numa manhã de sábado, ou domingo, da parte do banco [CENSURADO POR THE PSY] a querer oferecer-me um cartão de crédito. Estamos a falar de um banco do qual eu nunca fora cliente, onde nunca entrara, e com o qual nunca tinha tido qualquer tipo de relação.
Julgo que partilhar este tipo de histórias é deveras importante para que o maior número de pessoas esteja alertado para estes esquemas, e saibam mandar estes tipos à merda quando vêm sorridentemente oferecer estas maravilhas do Novo Mundo.