“What do I
see?” he repeated softly. There was great pain and sadness in his voice, not
the bitterness she was accustomed to hearing. “I see time as it affects all
things. Human flesh withers and dies before my eyes. Flowers bloom, only to
fade. Trees drop green leaves, never to regain them. In my sight, it is always
winter, always night.”
“And – this
was done to you in the Towers of High Sorcery?” Laurana asked, shocked beyond
measure. “Why? To what end?”
Raistlin
smiled his rare and twisted smile. “To remind me of my own mortality. To teach me compassion.”
A literatura de fantasia pode dividir-se em
duas categorias. A fantasia ligeira, onde os elementos fantásticos são um
aspecto menor no ambiente, como é por exemplo o caso da história do Rei Artur
que engloba o mago Merlin, e a alta fantasia, onde a magia e o fantástico são o
elemento dominante. E depois há “Dragonlance”.
Dragonlance é a fantasia levada ao extremo
absoluto, com dragões gigantes a digladiarem-se com cavaleiros armados montados
nos seus dorsos, cidadelas voadoras, magos com o poder de controlar o Tempo, e
deuses que caminham ao lado dos mortais.
Não se trata apenas de um livro, ou de uma
saga de livros. Dragonlance foi criado por Margaret Weis e Tracy Hickman nos
anos 80 para integrar o jogo de fantasia mais famoso de sempre, Dungeons & Dragons. Desde então
foram escritas dezenas de livros, e outros tantos suplementos de jogos
(essencialmente de role-play). Mas concentremo-nos na obra. Dragonlance é o
género de fantasia épica, onde as forças do Bem e do Mal se entrechocam para
decidir os destinos do Universo, blablabla já vimos isto setecentas vezes. Só
que ao contrário das outras obras épicas, aqui não temos os grandes e poderosos
heróis a defrontar os senhores das trevas.
Aqui não há um Obi-Wan Kenobi e um Yoda a lutarem contra um Darth Vader. Longe
disso. As personagens de Dragonlance são os estereótipos mais distantes daquilo
que consideramos heróis de fantasia.
Tanis é um
half-elf, fruto do cruzamento de um humano com uma elfa, envergonhado pela sua
origem “mestiça”, que é visto como o líder do grupo, embora não se considere
tal, pois é apenas um simples arqueiro, com o coração dividido entre duas
mulheres. É hesitante, inseguro, está longe de ser um grande guerreiro, e sente-se
constrangido com as responsabilidades que lhe são colocadas em cima, sem ele
pedir.
Flint Fireforge é o melhor
amigo de Tanis. Um anão já muito velho, veterano de várias guerras, que passa o
tempo todo a rezingar e a amaldiçoar tudo o que se mexe, e que cada vez que
entra num barco fica lívido, convencido que é afligido por uma doença mortal.
Tasslehoff Burrfoot é um kender. Não é fácil
explicar o que é um kender. Trata-se de uma “pessoa pequenina” que é
extremamente curiosa, irresponsável, e que não tem consciência do que é sentir
medo. A semelhança com a palavra alemã “kinder”, que significa criança, não
deve ser por acaso. Os kenders são o tipo de criaturas que, perante uma
avalanche, enquanto toda a gente foge, eles correm alegremente na direcção dela
para ver o quão excitante deve ser senti-la de perto. Junte-se a isto o facto
de os kenders acharem que o mundo é uma enorme comunidade que partilha todos os
bens, que inadvertidamente conseguem sempre inexplicavelmente vir parar aos
seus bolsos, e temos a receita para o desastre.
Sturm Brightblade é um
cavaleiro frustrado. Age como um Cavaleiro da Ordem de Solamnia, mas na
realidade não o é. O Código e a Honra são o mais importante na sua vida.
Laurana é uma jovem
princesa élfica, que contrariou a sua linhagem nobre e fugiu em busca do seu grande
amor, Tanis, apenas para o encontrar apaixonado por outra mulher, e descobrir
que o mundo fora dos palácios dos elfos é algo bastante menos idílico do que
esperava.
E por fim temos os gémeos, se bem que de
gémeos só têm o nome.
Caramon é um gigante
musculado, com a força de cinco homens, mas de compreensão lenta, e que vive
quase exclusivamente com a preocupação de proteger o irmão, que o trata com
desprezo, pois é um egoísta ganancioso.
Raistlin é um mago
com olhos em forma de ampulheta e saúde débil, que passa grande parte do tempo
a tomar poções para curar os seus violentos ataques de tosse. A saúde foi o
preço que pagou para dominar as artes mágicas. O que poucos sabem é que
Raistlin é o feiticeiro mais poderoso do mundo.
E são estas santas alminhas (com mais uma
série de personagens secundárias que fazem Dragonlance ter um elenco do tamanho
de uma telenovela) que um dia dão por si num mundo onde o desaparecimento de
duas constelações anuncia a chegada dos exércitos de Tiamat, a Deusa-Dragão-de-Cinco-Cabeças,
e dos seus cavaleiros que comandam legiões de homens-dragão e cidadelas
voadoras. Até aqui nada de novo. O interesse de Dragonlance reside no percurso
único que os “companheiros” vão fazendo, enquanto tentam travar o avanço das
forças de Tiamat. Entenda-se que a maior parte do tempo esse percurso envolve
eles estarem a fugir a sete pés, no meio de tareias colossais que apanham,
enquanto o mundo desaba ao seu redor. Obviamente, quanto mais episódios destes
acontecem, mais o kender Tasslehoff se sente excitado. Esta é uma história de
amizade e sacrifício que tenta mostrar que mesmo perdendo a maioria das
batalhas é possível ganhar a guerra.
As relações entre as personagens são muito
bem trabalhadas, com inúmeros momentos de ruptura e conflito, ao contrário de
grande parte das obras onde os heróis são sempre amigos e estão quase sempre de
acordo e de mãos dadas.
Este mundo ficcional arrancou com a trilogia
“Chronicles”, composta pelos livros Dragons
of Autumn Twilight, Dragons of Winter
Night e Dragons of Spring Dawning.
Actualmente o “universo Dragonlance” conta com quase 200 livros, escritos quase
ininterruptamente por dezenas de autores ao longo de mais de um quarto de
século. Um volume tão considerável de obras só é possível pela ligação que
existe ao jogo Dungeons & Dragons.
Apesar de estar longe de ser a qualidade literária de Tolkien a popularidade da
obra é enorme, e a qualidade em nada desilude. E digo-o convictamente, agora
que leio pela segunda vez estes livros. Os cenários de fantasia que as
personagens percorrem ao longo das suas aventuras são memoráveis, variados,
cheios de criatividade e intimistas.
Dragonlance não é aconselhado a pessoas que
se levam demasiado a sério. Caso contrário, poderão ter um ataque cardíaco ao
tomar contacto com os gully dwarves,
como Bupu, a curandeira que tem um lagarto morto ressequido que faz magia
poderosa, ou os gnomos engenhosos que habitam o Monte Nevermind. Vemos algumas das personagens terem um fim dramático, e
deixamo-nos facilmente transportar para este mundo de sonhos, onde não nos
importaríamos de vestir uma armadura, agarrar numa lança, montar um dragão, e
voar em direcção ao crepúsculo…
Raistlin
coughed. “Your brains are in your sword-arm, my brother,” the mage whispered
caustically. “Look upon Tarsis, legendary seaport city. What do you see?”
“Well…“
Caramon squinted. It’s one of the biggest cities I’ve seen. And there are ships
–just like we heard–“
“The
white-winged ships of Tarsis the Beautiful,“ Raistlin quoted bitterly. “You
look upon the ships, my brother. Do you notice anything peculiar about them?”
“They’re not
in very good shape. The sails are ragged and – “ Caramon blinked. Then he
gasped. “There’s no water!”
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