Venho pela presente declarar guerra, unilateralmente, e sem o aval das
Nações Unidas, aos outdoors das campanhas eleitorais! E, já agora, a todos os
outros. Estou à beira de me tornar uma espécie de D. Quixote e atravessá-los com
uma lança de um lado ao outro.
Todos os concelhos por onde passo estão vandalizados por estas belos
pedaços de “mobiliário urbano”. Não sei quem teve a feliz ideia de apelidar
isto de “mobiliário”, pois confesso que em casa não tenho vontade de pegar num
machado e desfazer a mobília. Em cada rotunda amontoam-se por vezes 4 ou 5 de
todas as cores, com carantonhas gigantescas, e frases que denotam um
brilhantismo único. Deve haver um catálogo com estas frases, pois são todas de
uma qualidade que os seus autores são sérios candidatos aos Prémios Camões,
Pessoa, e porventura ao Nobel da Literatura.
Até na Estrada Marginal – a mais bela do país, e uma das mais bonitas da
Europa – a cada 100 metros somos brindados com esta trampa. Vai uma pessoa a
conduzir, a olhar para o mar, e pumba!, leva com um penico daqueles nas ventas.
Se fossem todos…
E dadas as minhas claras limitações intelectuais, alguém é capaz de me
explicar em que momento da sua vida decidiu em quem é que ia votar ao olhar
para um outdoor? Confesso que não me estou a ver a dar voltas numa rotunda, a
olhar para os outdoors todos, e num súbito momento de inspiração: “Ha! É
naquele!”.
Não conseguem fazer campanha sem esta selvajaria? Sem vandalizar o espaço
público? Sem rebentar com calçadas, relvados, e inventar os sítios mais
mirabolantes para escarrapachar aquelas cagadas de Arte Moderna?
Dá vontade de arrancar com uma espécie de “compromisso secreto entre
todos os eleitores” para a malta se recusar a votar em qualquer candidato que use
outdoors.
Raios partam estes tipos! Fazem-me lembrar quando era miúdo e o circo vinha
à cidade, os prédios todos atafulhados com cartazes cheios de cor a anunciar o
circo. E depois colavam uns 10 seguidos, todos juntos, que era para terem a
certeza que a malta percebia mesmo, mesmo, mesmo, mesmo, mesmo, mesmo, que
vinha aí circo! Enfim, mas esses ao menos anunciavam algo que nos fazia rir, e
enchia de alegria. Estes “novos artistas circenses” só nos fazem chorar…
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