Suspiro… Já me tinha convencido
que o único filme verdadeiramente mau que este ano ia ver ao cinema era o
Wolverine. Parece que me enganei…
Comecemos pela premissa deste “Jogo Final”. É baseado numa saga de livros
de ficção-científica dos anos 80. No futuro, a Terra vê-se atacada por um
exército de formigas alienígenas voadoras, e a forma que a Humanidade encontra
de combater esta praga, é treinar crianças através de jogos de computador e
outro tipo de desafios. Agora que leio o que acabei de escrever, pergunto-me:
eu fui mesmo ver isto ao cinema? Ok, Wolverine, volta, estás perdoado. Não,
mentira, não estás. Continuas a ser o pior filme do ano.
Bom, vamos ao que interessa. Detesto tudo na história. Não conheço os livros,
e até acredito que sejam interessantes, mas esta adaptação cinematográfica é
uma catástrofe somente comparada, exactamente, aos filmes do Wolverine. Bom,
nesse ao menos não há formigas alienígenas… Enfim, confesso que me enjoa esta
fixação que alguns autores (sobretudo de ficção-científica) têm com a questão
de as grandes respostas da Humanidade perante uma grande ameaça estarem nas
mãos de criancinhas prodigiosas. Julgo que os psicólogos terão muito com que se
entreter com o que verdadeiramente se passa na cabeça destes escritores.
Crescer faz parte da vida. Viver com medo da idade, e fixado na eterna
juventude, nunca dá bom resultado.
Pois bem, estas criancinhas de 10 anos são grandes prodígios que passam
muito tempo agarradas à Playstation, o que as torna tacticamente geniais, e
depois fazem uma espécie de “Jogos Sem Fronteiras” no espaço, sem gravidade, et voilá, estão aptas a derrotar as
maléficas formigas alienígenas. E pensar que eu julgava que escrever “dinossauros
gigantes à porrada com robots” era mau demais… Já vou na quarta vez a falar em “formigas
alienígenas”. Repito: suspiro.
Passemos aos outros aspectos do filme, já que o argumento é tenebroso
quanto baste. Os actores conseguem ser igualmente horripilantes. Hollywood quer
convencer-nos à força que este jovem Asa Butterfield é a nova criança-prodígio
do cinema (volta e meia lembram-se de inventar mais uma), mas eu confesso que
depois de o ver em dois filmes, continuo sem perceber o que ele tem de
especial. Não é mau, mas também não é bom. Depois temos um conjunto de actores
que são tão maus, que parecem… epá, sei lá! Faz-me ter pena das formigas
alienígenas! Nem o Harrison Ford escapa. Faz seguramente o papel mais idiota da
sua longa carreira, e passa metade do filme com aquela cara de “como é que eu
me meti nisto?” Depois aparece SIR Ben Kingsley, que é fenomenal, mas que neste
filme… ok, vamos esquecer que ele entrou no filme. Como cereja em cima do bolo,
temos uma data de criancinhas, cada uma mais irritante que a outra, e que são
tão convincentes enquanto génios como um bebé de dois anos a comer plasticina.
Até que chegamos ao único, inigualável, incomparável, insubstituível
(acreditem, formigas, neste momento estou a torcer para que vocês exterminem a
Humanidade) BONZO MADRID! Sim, é mesmo esse o nome da personagem. Acrescente-se
que é uma espécie de rufião com menos de metro e meio, e que gosta tanto de
fazer caretas como o Monstro das Bolachas. Faz lembrar o Gonzo, dos Marretas.
Tudo bom demais.
A realização de Gavin Hood também não é nada de especial. Não ofende, mas
tampouco deslumbra. Entendeu ser realizador e autor único do argumento, e pelo
menos nesta segunda tarefa meteu a pata na poça à grande, porque além de má, a
história tem tantos buracos como um queijo suíço.
A música ficou a cargo de Steve
Jablonsky, outro dos discípulos do Mestre Zimmer, e que já fez um trabalho de
excelência, compondo inclusivamente um dos melhores temas da última década:
link. Neste caso em concreto, até é uma das poucas coisas boas do filme, em
particular o violoncelo electrónico que marca o tema central do filme: link (a
partir do minuto 2’25). Sublime. Memorável. Intimista. Bonito.
Eu até nem queria arrasar o filme por completo. Estou certo que muita
gente o vai ver e sai de lá a pensar até
nem foi mau de todo. Mas parece-me ser mais um caso de milhões e milhões de
dólares desperdiçados numa coisa medíocre. Se me perguntarem se recomendo o
filme: não. Se me perguntarem se faço tenção de o voltar a ver: não. Se me
perguntarem se merece uma sequela: não. Julgo que por aqui digo tudo…
Tenho pena, mas nada no filme é minimamente convincente. Mais vale ler os
livros (repito: não os conheço), pois esses ao menos ganharam os prémios Nebula e Hugo, os principais da ficção-científica. Para terminar, este está
a ser o ano do bombardeamento cinematográfico em redor da ficção-científica.
Tenho dúvidas que tenha havido outro ano com tanta sci-fi a chegar aos cinemas. Isto deixa-me triste, porque sendo um
grande fã do género, esta banalização vai destruir-lhe boa parte da mística, e
resultar, incontornavelmente, em muito lixo a exibir no grande ecrã.
Pelo Melhor
Algumas das cenas do treino na câmara sem gravidade resultam num bailado
espacial muito bonito, acompanhado pelo magnífico violoncelo electrónico que evoca
imediatamente Johann Sebastian Bach.
Pelo Pior
Não, o pior até nem são as formigas alienígenas. O pior é mesmo a
sucessão de disparates e a total ausência de um mínimo de coerência na direcção
de actores, que parecem todos estar a representar (?) em frente a um espelho, numa
sala vazia, e a improvisar falas desconexas. Acho que até o Jar Jar Binks
consegue ser mais credível (ugh!).
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