Ele há coisas do diabo… Ando a aguardar por Dezembro de 2015, por alturas
do lançamento do “Episódio VII”, para finalmente escrever sobre John Williams,
o meu compositor de eleição. Quis as voltas que este mundo dá que eu acabasse,
inesperadamente, a escrever sobre James Horner. E é com tristeza que o faço,
postumamente.
Não posso dizer que James Horner estivesse entre os meus compositores
preferidos. Tive sempre a sensação que alternava entre o muito bom e o muito
mau, e meti na cabeça que o fabuloso “The Planets”, de Gustav Holst (uma das
obras mais influentes, e menos conhecidas do século XX), lhe tinha servido
repetidas vezes de inspiração. “Conheci-o” pelos finais dos anos 90, graças às
bandas sonoras de Titanic e Braveheart. O tempo deu-me a
oportunidade de explorar muita da sua música, nomeadamente as peças mais
originais como o fabuloso, inspirador, comovente, brilhante “Elora Danan”, da
banda sonora de Willow. E, acreditem,
quando digo “muita da sua música” é apenas uma gota no oceano. Vale a pena dar
um salto ao IMDB ou à Wikipedia para ter noção da dimensão da obra de Horner.
Apesar de o único Oscar da sua carreira ter sido ganho em Titanic (com um trabalho fabuloso), não
há como não colocar Braveheart no
topo de qualquer escala. É uma das melhoras bandas sonoras de todos os tempos,
e a prova do talento de James Horner. A variedade de temas, a inspiração escocesa,
o respeito pela cultura e pela linguagem “daquilo que estava a representar”
fazem daquela obra um marco cultural único. Do sublime tema principal, ao
estrondoso “Mornay’s Dream”, ao arrepiante “Freedom”, ao sussurrante “For the
Love of a Princess”, ao épico-que-faz-tremer-a-terra “The Battle of Stirling” é
difícil encontrar um tema entre os dezoito da banda sonora que seja menos do
que perfeito.
Das incontáveis horas que passei a sonhar na minha “pós-infância”
agarrado aos phones, muitas devo-as a James Horner. Tenho para com ele uma incobrável
dívida de gratidão, comovida, enquanto apaixonado por música
instrumental-sinfónica-clássica. Não tenho dúvidas que perdemos um dos grandes
músicos do nosso tempo, um dos artistas a que nos referimos com “a” maiúsculo.
Resta-nos fazer perdurar o seu legado, imortalizando-o, para que a sua voz não
se perca.
The Battle of Stirling (Braveheart
OST, 1995)
Elora Danan (Willow OST,
1988)
P.S. Façam um favor a vocês mesmos, e não se fiquem pelo “The Battle of
Stirling”. Ouçam a banda sonora completa, e depois tentem imaginar a cena do
grito sem aquela música.