É praticamente impossível ter crescido nos
anos 80 sem ter consumido doses generosas de “revistas aos quadrinhos” de
super-heróis. Vem este assomo de nostalgia a propósito da colecção “Heróis
Marvel” que o jornal Público iniciou no dia 5 de Julho, com entregas semanais
às quintas-feiras.
No total são 15 volumes que abrangem a
maioria das personagens mais famosas da Marvel, misturando algumas histórias
clássicas, com outras mais contemporâneas. Exemplo dessas histórias clássicas
são as que constam precisamente no número de lançamento: “Homem-Aranha –
Integral Frank Miller”.
Frank Miller é mais ou menos o deus dos
deuses da banda desenhada de super-heróis. Conhecido pelos trabalhos magistrais
em “Batman: The Dark Knight Returns” e “Daredevil: The Man Without Fear”,
conquistou o pódio com a sua criação maior, “Sin City”, que à semelhança de
outra das suas obras, “300”, foi adaptada ao cinema.
Embora Miller seja idolatrado pelo seu
talento enquanto escritor, o que este primeiro volume da colecção reúne são as
histórias desenhadas por ele no seu início de carreira, para a revista do
Homem-Aranha (1979-81). Este é um livro só para os fãs “de outros tempos”.
Aqueles que gostam da “silver age” dos comics, com o traço tosco, cores
berrantes, e argumentos muito pouco elaborados. Curiosamente, das seis
histórias que o livro traz a mais fraquinha é a única que é escrita por Miller.
É de realçar a qualidade da produção final do
livro, em capa dura, com material de muita qualidade, e com uma tradução
cuidada e – ALLAH É GRANDE – a não seguir o aborto ortográfico. Ainda existe
gente de bem neste país.
A única crítica que posso fazer a esta
colecção é o seu preço: € 8,90 por volume. Esta é uma crítica que eu faço há
muitos anos à banda desenhada produzida em Portugal. O preço é totalmente
descabido. É certo que a qualidade justifica-o, mas num país tão pequeno, com
uma amostra de fãs tão reduzida, e onde o dinheiro não abunda propriamente é um
disparate apresentar estes preços. Parece que se pretende que a banda desenhada
seja apenas para algumas elites, o que é absurdo, e leva, invariavelmente, a
que tudo o que é lançado neste campo em Portugal esteja condenado ao fracasso.
Não fazia mais sentido publicar os livros em “capa mole” (ou lá qual for o
termo técnico adequado) e metê-los a metade do preço? Enfim…
Aos potenciais interessados, a listagem
completa da colecção, bem como as histórias que se englobam em cada livro, pode
ser consultada em: link.
Espero que os trintões nostálgicos que por aí
perduram possam matar saudades com este breve momento nostálgico. Por momento
podemos voltar a ser crianças, e a “troika” é composta pelo Homem-Aranha, pelo
Demolidor, e pelo Justiceiro.
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