terça-feira, 3 de junho de 2014

X-MEN: Dias de Um Futuro Esquecido




Como já não ia ver um filme de super-heróis há muito tempo, eis que decidi ir ver “X-MEN: Dias de Um Futuro Esquecido”. Como o título é demasiado grande, doravante vou-me referir ao filme como “X5”. Isto porque é o quinto filme da saga X-MEN. Ou o sétimo, se tivermos em conta os dois Wolverines.
Eu nunca fui particularmente entusiasta dos filmes da saga. Excepto os do Wolverine, que como toda a gente por aqui sabe considero ambos o “best movie ever”. Verdadeiramente, somente o “X-MEN: First Class” (2011) me parece um filme acima da média. Há boas notícias: a minha opinião mantém-se!
Tinha alguma expectativa em relação a este X5. O trailer parecia antever algo muito bom, juntando um elenco de ultra-luxo, onde se reuniam os actores dos “dois universos” dos filmes. Infelizmente, fiquei com a sensação que este foi mais um daqueles casos em que o trailer é melhor do que o próprio filme.
A história não é nada de excitante, contrastando com aquilo que o trailer fazia crer. Eu sou sempre reticente a estas histórias das viagens no tempo, e o Passado que altera o Futuro e funhéfunhéfunhé. Mas isso é uma embirração pessoal. Aqui a premissa é algo mais original. É a mente do Wolverine que é enviada ao passado para tentar mudar o rumo da História por causa de um evento em particular. E esta creio ser a principal desilusão do filme. Não temos verdadeiramente uma interacção entre “os dois elencos”. Temos um cheirinho da malta do Futuro, à espera de ver o que acontece com a malta do Passado. Talvez seja coerente, mas sabe a pouco.
A realização do filme (Bryan Singer) não é particularmente entusiasmante, embora tenha dois pontos que a meu ver se destacam. Dado que boa parte dele é passado nos anos 70, há uma série de sequências a imitar a gravação da altura, onde somos transportados para os meios técnicos desse período, com algum excesso de cor na televisão, e as frames-per-second algo saltitantes. Perdoem não saber os termos técnicos precisos destas coisas… E depois há a extraordinária “cena da cozinha”, que é do melhor que vi em cinema recentemente. Uma sequência com uma personagem (Quicksilver) a mover-se à velocidade da luz dentro de uma cozinha, enquanto tudo está a mover-se em slow motion ao seu redor vai interagindo com os vários elementos de uma forma muito cómica. O filme vale quase só por esta cena.
O desempenho dos actores também não se pode dizer que seja extraordinário, salvo duas excepções. Muitos destes actores eram semidesconhecidos quando apareceram nos filmes da saga, caso de Hugh Jackman e Halle Barry. Os próprios Michael Fassbender e Jennifer Lawrence ainda não tinham o reconhecimento meteórico destes anos mais recentes. Compreendo que para alguns voltar a vestir estes papéis 14 anos depois não é muito apelativo. A grande excepção é mesmo Hugh Jackman, que já deve estar farto de vestir a pele de Wolverine ao fim de sete filmes, mas que mesmo assim demonstra que é um profissional muito sério, e até faz um Wolverine um pouco diferente do habitual, bastante mais maduro, sério e com grande discernimento.
A outra excepção é James McAvoy, que é fabuloso como jovem Professor Xavier. Aliás, McAvoy é um actor excepcional, mas que infelizmente nunca atingiu o estrelato. É pena, pois estou seguro que é dos mais talentosos actores da sua geração. Ainda é novo, pode ser que o tempo lhe faça justiça. Até hoje não o vi uma única vez a ser menos do que brilhante. A carga emocional e a expressão facial que coloca em cada cena são dignas de registo.
Quanto aos restantes, Fassbender está a anos-luz do nível com que participou em “First Class”, os veteranos Ian McKellan e Patrick Stewart pouco tempo de antena têm, e falta um vilão carismático como existiu em “First Class” com o magnífico Kevin Bacon.
É de enaltecer o esforço de integrar a história dos X-Men com a História tal como a conhecemos. No entanto, isso resulta n vezes melhor no “First Class” com a crise dos mísseis em Cuba. Este filme limita-se a um relance à guerra do Vietname, e à conferência de paz que se seguiu, assinada em Paris.
Tudo sabe a pouco. As cenas de acção no Futuro, com os Sentinelas (robots gigantes), estão bem conseguidas, mas têm pouco de original. E já estamos tão fartos de as ver no cinema… A intriga/trama política não tem dimensão q.b., e a própria filosofia dos temas abordados já está bastante batida. Não é verdadeiramente um filme de acção, não é verdadeiramente um filme de drama, nem é verdadeiramente um filme de super-heróis.
Há algumas dedicatórias extraordinárias no filme – daquelas coisas que os realizadores gostam de fazer cada vez com mais frequência – como é o caso de um episódio da série original de Star Trek estar a passar na televisão a dada altura, e o facto de o Quicksilver usar uma t-shirt com a capa do “Dark Side of the Moon”.
Não me vou dar ao trabalho de mencionar alguns erros de pormenor que se detectam no filme, mas vou referir a curiosidade única do local escolhido para aprisionar o Magneto. Portanto, estamos a falar do vilão mais temido do mundo, capaz de controlar tudo o que é metal, e que tem que ser preso num bunker subterrâneo a não-sei-quantos metros de profundidade, cujo único acesso é através de um elevador que dá para um corredor onde estão 20 guardas. E para onde é que dá o elevador? Nem mais: para a cozinha do Pentágono. Simplesmente o sítio onde existem mais facas, garfos, tachos, e objectos de metal…

Pelo Melhor
O filme é competente, surpreende pela reunião do elenco, é diversificado, e tem cenas muito interessantes (como a da cozinha em slow motion).

Pelo Pior
O sentimento de “isto sabe a pouco” com que saímos da sala de cinema. Havia aqui tanto potencial, e no fim é apenas um bom filme de entretenimento, mas que não se destaca por qualquer coisa em particular. Especialmente, revendo “X-Men: First Class” depois deste é fácil perceber que o filme anterior está num patamar muito superior.


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