terça-feira, 27 de setembro de 2011

Panteão: Robin Hood

Se um dia THE PSY escolhesse outros deuses para se juntarem a si no Panteão... quem escolheria?
Robin Hood!
Isto quase parece uma crise de meia-idade um tipo dar por si a pensar em quais foram aquelas personagens emblemáticas que o acompanharam desde a infância… E confesso que foi uma grande surpresa ir ter ao nome de “Robin Hood”, ou na versão da muy nobre língua de Camões “Robin dos Bosques”. E como é que esta súbita revelação surgiu? Ora, quando dei comigo a assobiar uma das músicas da minha infância, e que é um dos grandes marcos da versão Disney da lenda de Robin Hood.
     Robin Hood and Little John
     Walkin' through the forest
     Laughin' back and forth
     At what the other'ne has to say
     Reminiscin', This-'n'-thattin'
     Havin' such a good time
     Oo-de-lally, Oo-de-lally
     Golly, what a day

O filme da Disney, de 1973, continua a ser o melhor filme de todos os tempos sobre o mítico herói fora-da-lei que roubava aos ricos para dar aos pobres. Vi o filme quando tinha os meus 6 anos, e o meu pai fez-me a colecção de cromos, da também mítica Panini. Foi a minha primeira caderneta de cromos. E ainda a tenho, só não faço ideia onde.
O filme é uma das melhores obras da Disney, e tem seguramente um lugar garantido entre os filmes eternos de desenhos animados. Comprei o DVD há 2 anos, numa edição remasterizada e outras mariquices que tais. Alguma vez houve um Prince John melhor do que o de Peter Ustinov? Ou alguém conseguiu não se apaixonar pelo mirabolante Sir Hiss?
Anos mais tarde, quando eu era uma pobre criança viciada em Legos, também tinha uma horda de bonequinhos do Robin Hood e dos seus Merry Men.
Já um pouco mais crescido fui ao cinema ver o extraordinário “Robin Hood, Prince of Thieves”, com o Kevin Costner a interpretar o homem com os collants verdes mais famosos da humanidade. Felizmente no filme tiveram o bom senso de vesti-lo como homem, e o poster promocional do filme é uma das imagens mais marcantes do cinema dos anos 90, com a inesquecível pose do homem a esticar a corda do arco a segurar numa flecha em chamas e com uma pinta completamente badass. Todo o filme está, na minha divina opinião, extraordinário (nem mesmo o Bryan Adams conseguiu estragar o filme), e conta com um Senhor que na altura ainda era meio desconhecido, mas que hoje em dia dispensa apresentações: Morgan Freeman.
A personagem tem sido alvo de atenção recorrentemente ao longo dos anos. Vários foram os livros, os filmes, os jogos de computador, e até mesmo uma série de televisão recentemente (e muito fraquinha). Falando em jogos de computador, comprei há uns meses por dois euros e cinquenta um “Robin Hood – The Legend of Sherwood” que foi uma das maiores delícias que experimentei no PC até hoje. Não sei se referi que o comprei por dois euros e cinquenta cêntimos?
E com isto tudo chegamos ao mais recente Robin Hood, precisamente aquele que no ano passado chegou ao cinema pelas mãos do meu deus do cinema, Ridley Scott. Quando o filme foi anunciado não reagi com grande entusiasmo. “Mais um filme do Robin Hood? Porque carga de água?”. Vi o trailer, não me despertou grande interesse, e acabei por não ir vê-lo ao cinema. É um erro do qual me irei arrepender até ao fim dos dias. Ridley Scott tem o toque de Midas, e tudo o que sai das suas mãos é ouro (um dia escreverei sobre uma coisa chamada “Blade Runner”). O Russel Crowe até consegue fazer um Robin Hood decente, e tem a sorte de contracenar com a Senhora Cate Blanchett, que é sempre divina, como eu.
A história é uma nova interpretação da lenda de Robin Hood, bastante diferente daquela a que todos estamos habituados, mas que nada fica a dever ao folclore mais conhecido. Ridley Scott consegue alguns planos de uma beleza indescritível, à semelhança do que já fizera com “Reino dos Céus”. Há planos na floresta onde a leitura da luz é poesia visual. A música é de um tipo desconhecido, mas que faz um trabalho muito bom. Todos os actores secundários estão extraordinários, merecendo obviamente destaque o veterano Max von Sydow.
É curioso ver alguns momentos evocativos, que copiam a papel químico algumas cenas de “Gladiador”, e que parecem em certo momentos homenagear “O Resgate do Soldado Ryan” (vejam a sequência do desembarque na Normandia, e comparem com a chegada dos franceses a Inglaterra).
Está a anos-luz de um Gladiador, mas é uma obra convincente, com um argumento muito bom, com um par romântico muito inteligente e realista, e com toda a mística de uma lenda que pode ter quase tantos anos de existência como Portugal.
Rise and rise again, until lambs become lions.
Enfim, mas a ideia aqui não era falar do filme do Ridley Scott, mas sim da personagem em si. As origens de Robin Hood, tal como as origens de todas as boas lendas, são alvo de grande disputa. Há registos de baladas desde os inícios do século XV, e há um vasto conjunto de canções e poemas medievais que falam de Robin, ora colocando-o como um fora-da-lei perto de Nottinghan, ora colocando-o como um aristocrata em inúmeras cidades de Inglaterra, ao longo de vários períodos da História. Todas as lendas têm na sua génese uma boa dose de veracidade, polvilhada com folclore, e se os bardos e trovadores nos fizeram chegar até aos dias de hoje as suas aventuras, é porque Robin Hood o mereceu.
     Then Robyn goes to Notyngham,
     Hym selfe mornyng allone,
     And Litull John to mery Scherwode,
     The pathes he knew ilkone.
     (“Robin Hood and the Monk”, circa 1450)
Et voilá, aqui fica uma breve evocação ao meu mais recente colega no Olimpo, um daqueles heróis que por alguma razão nos entram na cabeça quando somos pequeninos e que ajudam a definir o nosso carácter.
Não sei se me devo assustar com o facto de o outro herói que me entrou na cabeça quando era pequenino se chamar Darth Vader… 

1 comentário:

  1. Não acredito tu no meio disto tudo não mencionaste a mítica e inesquecível obra clássica Robin Hood: Men in Tights (de 1993), traduzido para a bela língua de Camões, Don Afonso Henriques e mais uns quantos que não serão esquecidos por esta breve menção dos seus nomes num simples outros que tais, Robin Hood: Heróis em Collants?!?!
    Que vergonha, e chamas-te tu um aficionado fã do mítico herói de Nottingham. tsk tsk.
    e essa maravilhosa musica que os apresenta como homens de princípios (e fins) prontos a fazer frente a toda e qualquer situação por mais difícil e exasperante que seja como salvar a virtude de uma bela donzela.

    http://www.youtube.com/watch?v=6jaW5DtKxFE

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