quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Contágio (crítica)


 
Um elenco de fazer cair o queixo: Laurence Fishburne, Gwyneth Paltrow, Matt Damon, Jude Law, Kate Winslet e Marion Cotillard;
Um realizador com provas dadas: Steven Soderbergh (Ocean's Eleven, Traffic);
Estes dois elementos são suficientes para fazer um grande filme?
Sem um argumento sólido: não.
"Contágio" tem um ponto de partida muito promissor: um retrato do comportamento humano na presença de uma epidemia à escala global. É notório que o filme foi roubar a inspiração ao que se passou em 2009 com a Gripe A.
Se fosse um documentário, seria muito bom, mas tratando-se de um filme, deixa um sentimento de "faltou aqui qualquer coisa".
O "crime" principal de "Contágio" é a total ausência de ritmo no filme, o que aliado a um argumento muito pouco trabalhado dá cabo do que poderia ser um bom drama cinematográfico. O filme arranca bem, e desde logo apresenta um ambiente muito realista, inclusive do ponto de vista científico. Mas pouco depois disso parece "desligar-se". Há cenas que se arrastam sem nada acrescentar à história; as personagens não são alvo de qualquer desenvolvimento (a empatia entre o espectador e qualquer personagem é nula); o "medo" que serve de tema ao filme nunca é visível; o caos começa de um momento para o outro, e logo a seguir desaparece.
Mesmo do ponto de vista informativo o argumento é pouco explorado. Exceptuando uma referência a "tocamos na cara entre 3 a 5 mil vezes por dia", e uma ou outra nota de rodapé sobre o número de vítimas da gripe espanhola, nada mais há a referir. Há personagens que entram e saem do filme sem se perceber o que lá estão a fazer.
É pena sair da sala de cinema com esta sensação de "vazio", porque alguns elementos deixam a entender que o filme podia ter sido mesmo muito bom, mas ficou-se pelo "podia".
Vale por ser um tema actual, e por saber sempre bem ver um grupo de actores extraordinários. Mesmo Gwyneth Paltrow que apenas tem direito a cerca de 10 minutos de ecrã deixa um contributo muito bom.
Enfim, a minha tese continua a provar-se correcta: 2011 é mesmo o ano mais desinteressante do cinema nos últimos 4999 anos.

Pelo Pior:
O ficar quase tudo por cumprir. A história, o cariz informativo, o entretenimento.

Pelo Melhor:
Kate Winslet. Sempre, sempre, sempre. Esta mulher é divina, e não é capaz de interpretar uma personagem que seja sem o fazer de forma magistral. Até aqui, completamente descaracterizada e a aparecer como a mulher mais normal e mais incógnita do mundo, consegue brilhar.
Marion Cotillard. Não percebo o que ela faz no filme, mas é como a Monica Bellucci... fica sempre bem em qualquer filme.
 "AAAAACHOOO! Tag, you're it!"
 “I haz immunity! Nha-nha-nha-nha!”

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