sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

The Walking Dead


“Uma série de zombies? Que ideia tão parva! Até a mim que sou fã de filmes de terror – e em particular de filmes de zombies – tenho sérias dúvidas que isso convença! Vá lá, alguma vez uma série de zombies consegue prender um gajo à televisão semana após semana? Nunca na vida…”
Isto era mais ou menos eu a pensar algures no início do ano quando foi anunciada “The Walking Dead”. E é apenas isso: uma série de zombies. Um filme de zombies, quer os de terror, quer os de comédia, consegue captar o interesse do espectador porque são apenas duas horas de mortos-vivos a comer miolos. E isso é giro! Mas para uma série conseguir fidelizar uma audiência precisa que ter argumentos fortes para fazer os espectadores manterem o interesse semana após semana. E é precisamente isso que este “The Walking Dead” consegue fazer. Fosse apenas uma série de “gore”, com imagens chocantes, e ao fim de três episódios qualquer pessoa desistia. Mas quem pegou na série mostrou ser capaz de fazer um trabalho magistral.
A história é simples. Um grupo de pessoas tenta sobreviver num mundo onde uma invasão de zombies destruiu tudo aquilo que temos como garantido. Até aqui nada de novo, e daqui para a frente pouco mais há a contar. Mas o diabo está nos pormenores. O detalhe com que cada uma das personagens é desenvolvida é enternecedor. Haverá espaço para num mundo pós-apocalíptico pensar o dia-a-dia sem abdicar da nossa Humanidade? Provavelmente não. Mas então como é que se vive esse ambiente? Valerá a pena lutar? Ter filhos? Até que ponto os instintos se conseguem sobrepor á razão? Quando é que baixamos os braços?
A primeira série teve apenas seis episódios, mas o sucesso foi de tal ordem que a AMC imediatamente concessionou a produção de uma segunda temporada. Esta já com 12 episódios. Apesar de a série ser baseada numa banda desenhada com alguns anos, não deve ser tarefa fácil manter a cabeça fresca para escrever um episódio todas as semanas que consiga fazer a história avançar, manter o “medo” presente, e ainda permitir que as personagens nos surpreendam, e não sejam apenas estereótipos influenciados pelos ditames Hollywoodescos.
Nesta segunda temporada foram introduzidas novas personagens, e uma alternativa ao cenário pós-apocalíptico. Já ouvi referências que indicam que tanto tempo passado na quinta se deve ao facto de a produção ter levado um corte monumental no orçamento. Mas não é por isso que esta temporada é inferior à primeira. Apesar de ter alguns momentos mortos (pun intended), tem episódios geniais. Tal é o caso do sétimo episódio (“Pretty Much Dead Already”), onde é mostrado na perfeição o quão tentador pode ser recorrer à força (ou ao poder) para fazer valer as nossas ideias por oposição às dos outros. E será isso condenável quando em caso está a sobrevivência? Mas então, não haverá espaço para qualquer discussão de base moral... Isto já para não falar no absoluto sufoco que são os cinco minutos finais do episódio.
Como se todos estes argumentos não fizessem dela “a série” de 2011 (ok, ok, “Game of Thrones” pode ser um candidato mais forte), conta ainda com um génio (que não eu) na composição dos temas musicais: Bear McCreary. Ainda é pouco conhecido porque tem trabalhado essencialmente em série, e menos no cinema, mas basta ouvir, por exemplo, este “The Mercy of the Living” para se perceber a qualidade deste senhor. Já agora, este tema ilustra na perfeição o que é o ambiente de “The Walking Dead”.

A Humanidade pode agradecer a homens como este e Hans Zimmer o facto de ainda se criar música digna, por oposição a 90% do que tem a “chancela MTV”…
Caso ainda reste alguém que duvide da qualidade desta série (e isso implicará que essa pessoa não acredita piamente nas minhas palavras, e como tal restam-lhe menos de 17 segundos sem ter as pernas quebradas), acrescente-se que o responsável pela mesma é o realizador do filme “Os Condenados de Shawshank”, um dos melhores filmes da História, e que ocupa o primeiro lugar da votação no IMDB.
Espero que a série dure o tempo ideal, sem se arrastar por inúmeras temporadas até que perca a qualidade, ou ser abruptamente cancelada porque os produtores decidem que é melhor financiar mais um reality show (a menos que esse reality show envolva zombies genuínos a devorar os filhos pródigos da chancela MTV).
Escrevo no preciso momento em que a série foi colocada em “stand-by” por decisão da produção, que anunciou que os restantes episódios só serão exibidos a partir de Fevereiro de 2012… Os sentimentos “simpáticos” que nutro neste momento por quem tomou esta decisão só podem ser transpostos por escrita de uma forma: !$%(&”(%/”#!&”$#(@!!!!!! E que as pernas deles sejam comidas por zombies sem dentes…
A única coisa que pode tornar “The Walking Dead” ainda melhor é esperar que nas próximas temporadas apareça este zombie:



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