terça-feira, 12 de novembro de 2013

O Jogo Final (Ender’s Game)


Suspiro… Já me tinha convencido que o único filme verdadeiramente mau que este ano ia ver ao cinema era o Wolverine. Parece que me enganei…
Comecemos pela premissa deste “Jogo Final”. É baseado numa saga de livros de ficção-científica dos anos 80. No futuro, a Terra vê-se atacada por um exército de formigas alienígenas voadoras, e a forma que a Humanidade encontra de combater esta praga, é treinar crianças através de jogos de computador e outro tipo de desafios. Agora que leio o que acabei de escrever, pergunto-me: eu fui mesmo ver isto ao cinema? Ok, Wolverine, volta, estás perdoado. Não, mentira, não estás. Continuas a ser o pior filme do ano.
Bom, vamos ao que interessa. Detesto tudo na história. Não conheço os livros, e até acredito que sejam interessantes, mas esta adaptação cinematográfica é uma catástrofe somente comparada, exactamente, aos filmes do Wolverine. Bom, nesse ao menos não há formigas alienígenas… Enfim, confesso que me enjoa esta fixação que alguns autores (sobretudo de ficção-científica) têm com a questão de as grandes respostas da Humanidade perante uma grande ameaça estarem nas mãos de criancinhas prodigiosas. Julgo que os psicólogos terão muito com que se entreter com o que verdadeiramente se passa na cabeça destes escritores. Crescer faz parte da vida. Viver com medo da idade, e fixado na eterna juventude, nunca dá bom resultado.
Pois bem, estas criancinhas de 10 anos são grandes prodígios que passam muito tempo agarradas à Playstation, o que as torna tacticamente geniais, e depois fazem uma espécie de “Jogos Sem Fronteiras” no espaço, sem gravidade, et voilá, estão aptas a derrotar as maléficas formigas alienígenas. E pensar que eu julgava que escrever “dinossauros gigantes à porrada com robots” era mau demais… Já vou na quarta vez a falar em “formigas alienígenas”. Repito: suspiro.
Passemos aos outros aspectos do filme, já que o argumento é tenebroso quanto baste. Os actores conseguem ser igualmente horripilantes. Hollywood quer convencer-nos à força que este jovem Asa Butterfield é a nova criança-prodígio do cinema (volta e meia lembram-se de inventar mais uma), mas eu confesso que depois de o ver em dois filmes, continuo sem perceber o que ele tem de especial. Não é mau, mas também não é bom. Depois temos um conjunto de actores que são tão maus, que parecem… epá, sei lá! Faz-me ter pena das formigas alienígenas! Nem o Harrison Ford escapa. Faz seguramente o papel mais idiota da sua longa carreira, e passa metade do filme com aquela cara de “como é que eu me meti nisto?” Depois aparece SIR Ben Kingsley, que é fenomenal, mas que neste filme… ok, vamos esquecer que ele entrou no filme. Como cereja em cima do bolo, temos uma data de criancinhas, cada uma mais irritante que a outra, e que são tão convincentes enquanto génios como um bebé de dois anos a comer plasticina. Até que chegamos ao único, inigualável, incomparável, insubstituível (acreditem, formigas, neste momento estou a torcer para que vocês exterminem a Humanidade) BONZO MADRID! Sim, é mesmo esse o nome da personagem. Acrescente-se que é uma espécie de rufião com menos de metro e meio, e que gosta tanto de fazer caretas como o Monstro das Bolachas. Faz lembrar o Gonzo, dos Marretas. Tudo bom demais.
A realização de Gavin Hood também não é nada de especial. Não ofende, mas tampouco deslumbra. Entendeu ser realizador e autor único do argumento, e pelo menos nesta segunda tarefa meteu a pata na poça à grande, porque além de má, a história tem tantos buracos como um queijo suíço.
 A música ficou a cargo de Steve Jablonsky, outro dos discípulos do Mestre Zimmer, e que já fez um trabalho de excelência, compondo inclusivamente um dos melhores temas da última década: link. Neste caso em concreto, até é uma das poucas coisas boas do filme, em particular o violoncelo electrónico que marca o tema central do filme: link (a partir do minuto 2’25). Sublime. Memorável. Intimista. Bonito.
Eu até nem queria arrasar o filme por completo. Estou certo que muita gente o vai ver e sai de lá a pensar até nem foi mau de todo. Mas parece-me ser mais um caso de milhões e milhões de dólares desperdiçados numa coisa medíocre. Se me perguntarem se recomendo o filme: não. Se me perguntarem se faço tenção de o voltar a ver: não. Se me perguntarem se merece uma sequela: não. Julgo que por aqui digo tudo…
Tenho pena, mas nada no filme é minimamente convincente. Mais vale ler os livros (repito: não os conheço), pois esses ao menos ganharam os prémios Nebula e Hugo, os principais da ficção-científica. Para terminar, este está a ser o ano do bombardeamento cinematográfico em redor da ficção-científica. Tenho dúvidas que tenha havido outro ano com tanta sci-fi a chegar aos cinemas. Isto deixa-me triste, porque sendo um grande fã do género, esta banalização vai destruir-lhe boa parte da mística, e resultar, incontornavelmente, em muito lixo a exibir no grande ecrã.


Pelo Melhor
Algumas das cenas do treino na câmara sem gravidade resultam num bailado espacial muito bonito, acompanhado pelo magnífico violoncelo electrónico que evoca imediatamente  Johann Sebastian Bach.

Pelo Pior
Não, o pior até nem são as formigas alienígenas. O pior é mesmo a sucessão de disparates e a total ausência de um mínimo de coerência na direcção de actores, que parecem todos estar a representar (?) em frente a um espelho, numa sala vazia, e a improvisar falas desconexas. Acho que até o Jar Jar Binks consegue ser mais credível (ugh!).




Sem comentários:

Enviar um comentário